Por João Victor | Pressão24h
O embate político na Bahia voltou a esquentar após a declaração contundente do deputado federal Jorge Solla (PT), durante entrevista ao canal Classe Política, nesta semana. O parlamentar petista ironizou a força do ex-prefeito de Salvador, ACM Neto (União Brasil), ao afirmar que a reeleição do governador Jerônimo Rodrigues será “mais fácil do que foi sua própria eleição”, em referência à vitória acirrada do petista em 2022.

A fala de Solla veio carregada de um tom provocativo e ao mesmo tempo estratégico, mirando o principal adversário político da base governista. “Jerônimo cresceu, amadureceu na gestão e está mais preparado. Estamos mais fortes agora do que em 2022. A oposição está sem projeto, sem povo e sem discurso”, disparou o deputado.
Disputa de 2022 ainda ecoa nos bastidores
A declaração de Solla remete diretamente ao último embate eleitoral, quando Jerônimo venceu ACM Neto no segundo turno em uma das viradas mais comentadas do cenário político nacional. Na ocasião, Neto liderava todas as pesquisas e chegou a vencer o primeiro turno com vantagem, mas não resistiu ao peso da máquina petista, à aliança com Lula e à força do interior do estado, o que garantiu a vitória de Jerônimo com 52% dos votos.
Desde então, a rivalidade entre os dois campos se intensificou. Jerônimo tem enfrentado altos e baixos em sua gestão, mas se mantém politicamente ativo, com forte presença no interior e alianças bem alinhadas com o governo federal. Já ACM Neto, mesmo fora de cargos públicos, tem mantido influência na capital e continua sendo nome forte para 2026.
Cenário político em 2025: tensão e movimentações silenciosas
Apesar das declarações inflamadas, o clima é de silêncio tático nos bastidores. O PT segue costurando alianças para manter a hegemonia estadual — já são quatro mandatos consecutivos do partido na Bahia — enquanto ACM Neto articula discretamente seu retorno, diante de um União Brasil fragmentado e de um eleitorado cada vez mais crítico.
A gestão de Jerônimo ainda enfrenta desafios em áreas sensíveis como saúde, segurança e infraestrutura, o que pode impactar sua imagem pública. No entanto, ele conta com o respaldo do presidente Lula e com o apoio das maiores lideranças petistas nacionais, o que deve fortalecer sua tentativa de reeleição.
Números das pesquisas acendem alerta nos dois lados
A mais recente pesquisa de intenção de voto realizada no estado aponta um empate técnico entre Jerônimo e ACM Neto. Neto aparece com 41% das intenções de voto, enquanto Jerônimo tem 34%, dentro da margem de erro. Os demais candidatos somam pouco expressividade até o momento.
Apesar da ligeira vantagem de Neto, os dados também indicam que 59% da população baiana aprova a gestão de Jerônimo, mas 48% afirmam que ele não merece um novo mandato, revelando um quadro de ambiguidade eleitoral: aprovação administrativa nem sempre se converte em voto.
Esses números mostram que o jogo está aberto, e qualquer deslize pode ser fatal para os dois lados. A campanha de 2026 já começou nos bastidores, e falas como a de Jorge Solla são sinais claros de que a temperatura vai subir ainda mais.
Conclusão: discurso de confiança ou antecipação de uma batalha difícil?
A fala de Solla pode ser interpretada como uma tentativa de mostrar força e unidade, algo fundamental no jogo político. Mas também revela que a base governista já enxerga ACM Neto como adversário direto em 2026, e que a disputa tende a repetir o confronto que polarizou o estado nos últimos anos.
A guerra pelo Palácio de Ondina está longe do fim. E os discursos afiados são apenas o começo.