Uma investigação da Controladoria-Geral da União (CGU) e documentos da Câmara e do Senado colocam os holofotes sobre uma articulação antiga que acabou resultando em fraudes bilionárias contra aposentados e pensionistas do INSS. Ao contrário do que alegam governistas nas redes sociais, foram parlamentares da esquerda quando ainda estavam na oposição que lideraram um esforço para derrubar medidas de controle sobre os descontos em benefícios previdenciários.

A apuração feita pelo jornal O Globo revela que durante a tramitação da Medida Provisória 871/2019, o PT e outros partidos da esquerda atuaram para alterar trechos que restringiam os descontos em folha feitos por associações, sindicatos e entidades de classe. As mudanças permitiram que entidades passassem a debitar valores diretamente das aposentadorias e pensões sem a devida autorização expressa dos beneficiários, ampliando o prazo de validade das autorizações e dificultando a verificação.
O movimento, que à época foi defendido como “salvação dos aposentados” e uma reação à suposta tentativa de Bolsonaro de sufocar sindicatos, abriu caminho para o escândalo que hoje assombra o INSS. Estima-se que entre 2019 e 2024, cerca de R$ 6,3 bilhões tenham sido desviados dos aposentados por meio de descontos irregulares.
A CGU aponta que só a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), ligada à base do governo Lula, recebeu R$ 426 milhões apenas em 2023. A entidade, assim como seu presidente, é alvo da Operação Sem Desconto, que mira um esquema de corrupção envolvendo servidores do INSS e dirigentes de entidades sindicais.
Enquanto bolsonaristas pressionam por uma CPMI para investigar o escândalo, governistas tentam jogar a responsabilidade no colo do ex-presidente. Porém, os registros legislativos são claros: foi a esquerda que barrou os controles e facilitou o acesso irrestrito às aposentadorias — uma fatura política que agora pode custar caro.