Um vídeo que circula nas redes sociais neste domingo (25) escancarou, mais uma vez, a ligação explícita entre o funk carioca e o crime organizado. O funkeiro MC Poze do Rodo, um dos nomes mais conhecidos do gênero, foi flagrado cantando em um baile funk dentro de uma favela no Rio de Janeiro, onde não apenas exaltou abertamente a facção criminosa Comando Vermelho (CV), como também fez questão de atacar as facções rivais, a ADA (Amigos dos Amigos) e o TCP (Terceiro Comando Puro).
Em determinado momento, Poze dispara: “Odeio a ADA e o TCP”, reforçando a sua ligação direta com o CV, e ainda frisa: “desde menor é Comando Vermelho”, sem qualquer pudor ou preocupação com o caráter criminoso da declaração. O artista, que possui milhões de seguidores nas redes sociais, vai além: pede para o público fazer o “sinal do 2”, conhecido por ser o símbolo da facção Comando Vermelho.
A cena é acompanhada por um mar de pessoas que, sem constrangimento algum, respondem prontamente ao pedido, fazendo o gesto associado a uma das maiores organizações criminosas do país. O vídeo não deixa dúvidas: é um espetáculo de apologia ao crime.

Como se não bastasse, MC Poze canta trechos de músicas que fazem referência direta ao uso de fuzis, enquanto imagens mostram nitidamente diversos homens armados com fuzis, dançando e apontando as armas para o céu, em meio ao baile. A atmosfera é de total naturalização do crime: armas pesadas, exaltação da facção e um público conivente, que canta junto, faz o símbolo e vibra com a cena.
Em outro trecho, o funkeiro volta a reforçar a mensagem: “CV, CV, CV”, entoando o grito de guerra do Comando Vermelho, repetidas vezes, sem nenhum filtro.
As imagens são chocantes e mostram com clareza o domínio territorial das facções criminosas sobre comunidades inteiras, onde shows como esse são realizados sob o comando e a proteção do tráfico de drogas. A polícia, mais uma vez, assiste de longe, enquanto artistas e criminosos transformam bailes em palanques para facções.
Este episódio acende o alerta para a banalização da cultura do crime no Brasil, onde artistas, ídolos de jovens e adolescentes, se utilizam da fama para promover organizações criminosas e disseminar mensagens de ódio, violência e apologia ao tráfico.
Enquanto isso, a pergunta que fica é: até quando o poder público vai fechar os olhos para o avanço do crime organizado travestido de cultura?